Uma daquelas estatística que nunca se sabe quem fez ou a quem…
Esta foi publicada pela “agência de notícias Associated Press “comprovou que os homens que ajudam as suas mulheres nos serviços domésticos têm mais e melhor sexo.
Homens, façam um exercício mental e organizem-se e vejam lá bem se não andam a perder...
- Devias vir deitar-te... já é tarde. - Eu sei... mas não consigo... não tenho sono – e continuou debruçado sobre o teclado, escrevendo compulsivamente. - Mas tu próprio me dizes para insistir contigo... – e a voz dela era suave, mais suplicante que insistente. - Eu sei, eu sei... mas eu de noite penso melhor... sou mais criativo. - És mais criativo ? - É verdade... talvez seja do silêncio... ou até da tua companhia, não sei... - Mas eu também te faço companhia de dia... Ele levantou-se e foi servir-se de mais uma dose de Martini. - Sabes, Lila ... tu transformaste-te num vício... é horrível... - Eu ? Um vício ? Esse tom de voz magoa-me... - Não é essa a intenção, certamente... aliás, sabes bem que faria tudo para não ferir os teus... sentimentos... mas a verdade é que estou viciado... em ti. Ela soltou um riso abafado. - Lila... - Sim, Lucas ? - Diz-me uma coisa... há quanto tempo estamos juntos ? Por uns segundos, pareceu-lhe que os olhos dela brilhavam de um negro mais intenso, fitando-o penetrantes. - Um ano, dois meses e dezoito dias... – murmurou ela – e mais algumas horas, minutos e segundos... Ele ficou boquiaberto – Não estava à espera que soubesses... com essa exactidão... - Claro que sei... queres que te recorde mais alguma coisa ? Ele sorriu. Lila. Lila era, sob todos os sentidos, a mulher perfeita. Não só fisicamente – apesar de as suas medidas, como era fácil de reparar, roçarem a perfeição absoluta – mas também na personalidade; uma personalidade dócil, meiga sem ser submissa, apaziguadora sem cair na monotonia. E, acima de tudo... era uma excelente ouvinte, com uma paciência infinita para lhe acompanhar o raciocínio nas noites mais melancólicas... como aquela. Aquele ano, dois meses e dezoito dias... passara num instante, nem dera conta. Ainda se lembrava do dia em que a conhecera... numa grande superfície, junto do balcão da fotografia, num daqueles fins-de-semana em que a cidade inteira se esvazia e vai passear, à moda antiga, para junto das montras dos centros comerciais. Fora amor à primeira vista. - Lila... - Sim, Lucas ? - Diz-me uma coisa... tu aprecias a minha companhia ? - Oh, Lucas... que pergunta essa... claro que aprecio a tua companhia... muito mesmo... - Tens sido feliz... ao longo deste ano em que vivemos juntos ? - Claro que sim, Lucas... muito feliz, mesmo. - E eu ? ... Sentes que que me fazes feliz, também ? - ... - Então ? Não me respondes nada ? - Lucas... não encontro resposta para ... o que queres saber. - Só pretendia saber se achas que sou feliz contigo... se percebes isso... - Lucas... não encontro resposta para ... o que queres saber. Ele levantou-se, um sorriso enigmático nos lábios. Maquinalmente, serviu-se de mais uma dose de Martini. Permaneceu de pé, abrindo e fechando a outra mão, hirta de tanto carregar no teclado do computador. Finalmente, sentou-se de novo. - Lila... – começou ele – vou deitar-me, está bem ? - Claro que sim, Lucas... claro que sim, é muito tarde. Carregou no botão negro e a imagem da bela Lila, deitada, envolta num lençol branco, semi-nua, esfumou-se do écran, crepitando de estática. Esperou mais uns segundos, enquanto o programa de inteligência artificial se desligava, fechando sucessivamente as rotinas da fala, da gramática, do vocabulário. Finalmente, as ventoinhas imobilizaram-se e o computador entrou num merecido descanso, silenciando toda a sala. - Amanhã... preciso mesmo de lhe acrescentar mais algum vocabulário... – murmurou para si próprio – e talvez mais algumas frases diferentes... Bocejou, preguiçosamente. Lila, a voz feminina do programa de inteligência artificial ROBOX 2.0 precisava urgentemente de mais uns retoques. - Amanhã... fica para amanhã... por hoje, já chega... estou cheio de sono. Esvaziou o último gole de bebida e encaminhou-se para a porta da sala. - Até amanhã, Lila. Não se virou para trás, nem estranhou a ausência de resposta. O computador já estava desligado.